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Como fazer crescer dinheiro em árvore?

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


A idéia do Yunus do microcrédito é simples e genial.
Com uma pequena semente, é possível gerar uma árvore grandiosa, que pode dar muitos frutos.
O solo são as pessoas. Os nutrientes do solo é o conhecimento dessas pessoas. E regar a planta é a atenção diária que deve ser dada ao negócio.
Todos esses elementos podem existir na população pobre. Não há porque não negar o serviço bancário à base da pirâmide. Foi isso o que Yunus percebeu!

Semana passada, passamos 5 dias na zona rural, numa imersão no dia-dia das operações do Grameen Bank, que só atua no campo. Podemos perceber de perto os elementos que possibilitaram ao Grameen Bank ter o sucesso que teve. Enxergamos as estratégias metodológicas que usaram e como o ambiente social de Bangladesh teve influência.

As sementes vêm da própria árvore, ou seja, o capital que é investido pelo banco nas pessoas, pertence em grande parte às próprias pessoas. É com muito orgulho que se diz aqui que "Os pobres são os donos do banco". Eles têm aqui um sistema de poupança, em que cada membro do GB tem obrigação de depositar um pouquinho a cada semana. E rigorosamente os depósitos são feitos. É como uma educação financeira "forçada". Portanto, é como se os pobres estivessem emprestando a eles mesmos para o seu próprio desenvolvimento. Altamente libertário, autogestor, não?

No seu começo o Grameen Bank tinha uma parceria bem próxima como o governo local, que possuía uma 60% da participação no capital do banco. Hoje a situação cada vez mais se inverte, sendo de mais de 75% a participação dos membros no capital do banco.

A planta precisa ser regada e nutrida diariamente, para que dê frutos. Precisa de trabalho constante. A disciplina e o trabalho duro são princípios do banco, que são cultuados claramente. Toda semana, todos os membros de uma determinada região, se reunem, no chamado center meeting, que é uma reunião bem disciplinada, quase militar, com algo parecido com comandante, continência e até grito de guerra. Além disso o sistema operacional do banco é muito bem amarradinho. Tudo isso me lembra bem os tempos de Colégio Militar.

Por fim, quanto mais nutrido o solo, melhor a qualidade e quantidade de frutos. Quanto mais educação, mais frutos a árvore pode gerar. Na minha opinião talvez esse seja o ponto em que o Grameen Bank tenha mais a crescer. De fato, só o que se fala aqui é em educação. O banco oferece empréstimos focados nos estudos. Ao perguntar às mulheres - quase todos os clientes são mulheres, por estratégia do banco - quais os seus sonhos, muito frequentemente a resposta era que seus filhos tivessem uma boa educação.
Mas para que o desenvolvimento realmente ocorra, para mim, não pode ser qualquer educação. Tem que ser uma diferente da tradicional. Não precisa ser um mestrado no exterior ou algo assim muito distante. Mas uma educação mais conectada com a realidade local, que dê capacidade a elas de observarem o meio a sua volta e proporem soluções!
Com esse tipo de fertilizante, as sementes têm muito mais chances de gerar grandes e variados frutos!




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